terça-feira, 1 de julho de 2014

Antes

No fundo, é como o homem que, lamentando-se da vida que leva, continua a correr em volta de uma árvore seca, trazendo uma corda atrás, enredando-se cada vez mais na trama que o prende à árvore. Julga a cada passo corrido que entreviu ao longe uma paisagem diferente, ou no céu uma nuvem que nunca por ali passara, mas acaba por descobrir que afinal simplesmente deu mais uma volta de trezentos e sessenta graus e voltou ao ponto de origem. Poderá correr muito, até ao fim dos tempos, mas não sairá do mesmo lugar. Mas antes que tal aconteça, deixará de poder correr ou olhar, capturado no seu próprio movimento. Se tivesse ficado parado, cativo da sua impossibilidade, da sua indiferença, viveria.