terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Eco

A passagem das estações é como o eco de uma pedra na água parada, a ondulação alastrando em volta do ponto do impacto até desvanecer. O tempo concentrado nos Verões de infância, o centro absoluto a partir do qual se alargam os que se seguiram, até que a potência do primeiro Verão não seja mais que uma ausência desprovida de sentido.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Setsuko Hara

Setsuko Hara morreu em Setembro. Soube-se a semana passada, um rasto breve que passou pelo Facebook - assim foi. E eu achei que ainda vivia. Talvez tenha tentado escrever um ou dois textos sobre ela, e sobre Ozu. Mas são tempos de míngua, estes, e por isso não chegarão a viver, esses arremedos de qualquer coisa. Resigno-me à impossibilidade: nunca saberei escrever texto que faça justiça a um enquadramento de Ozu (com Setsuko Hara) e esta evidência conforta-me (só assim se vai persistindo, imagino). Era um rosto, apenas, iluminando o ecrã. Ainda ontem a vi, e era jovem, e vivia.