sábado, 17 de outubro de 2015

De pão e de certeza e do rumor do mar

De pão e de certeza e do rumor do mar

(quando chega o Inverno)

precisamos tanto quanto
do outro estamos famintos
e se no início do dia trocamos
o gesto exacto pela incerteza
do que julgamos saber
ou do que pensamos perder
quando apostamos na derrota
na queda a que chamo
a geometria decifrada do teu corpo
números secretos conquisto
e das águas tiro um rosto,
ao qual dedico mãos pés a linha cinza
do coração, entregue em tempos
a quem não a percebia,
a fronteira de penumbra, território
devastado, rasto de ruína
digno do esquecimento dos mortos
que tu, apenas tu, poderás retomar,
com o teu exército feito do claro

sol de um novo dia.