Um
coração, pouco vale ou nada quase
Se
ao bater cada compasso dado falhe,
Se
não o tratares como uma certa frase
De
poema, uma canção familiar, detalhe
No
qual reconheças o que em tempos foste,
Seja
o reverso do que agora és, regulável,
Amena
figura perdida, alguém que goste
Daquilo
que se espera, macio e descartável,
Seja
o espelho que te procura, agudo e voraz,
Em
todas as manhãs, lentas, duras, iguais,
Contra
ti brilhando o rosto violento que te faz
O
que és agora e sempre, um entre os demais.
Preso
à batida seguinte, nesse passo suspenso,
Não
és mais do que morto respirando, nó tenso.